Ministério da Saúde confirma relação entre vírus Zika e microcefalia 30/11/2015 - 08:17

O Ministério da Saúde confirmou no sábado (28) a relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia que está ocorrendo na região Nordeste. O Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA), encaminhou o resultado de exames realizados em um bebê com microcefalia e outras malformações congênitas, nascido no Ceará, em que foram identificadas a presença do vírus Zika.

A partir desse achado do bebê que veio a óbito, o Ministério da Saúde considera confirmada a relação entre o vírus e a ocorrência de microcefalia. Essa é uma situação inédita na pesquisa científica mundial. As investigações sobre o tema devem continuar para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez.

O achado reforça a necessidade de uma mobilização nacional para conter o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, responsável pela disseminação da dengue, zika e chikungunya.  A campanha lançada nesta semana alerta que o mosquito da dengue mata e, portanto, não pode nascer. A ideia é que todos os dias sejam utilizados para uma limpeza e verificação de focos que possam ser criadouros do mosquito. O resultado do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) indica 199 municípios brasileiros em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika, demandando mobilização imediata.

Óbitos

O Ministério da Saúde também foi notificado, na sexta-feira (27), pelo Instituto Evandro Chagas sobre outros dois óbitos relacionados ao vírus Zika. As análises indicam que esse agente pode ter contribuído para agravamento dos casos e óbitos. Esta é a primeira ligação de morte relacionada ao vírus Zika no mundo, o que demostra uma semelhança com a dengue.

O primeiro caso trata-se de um homem com histórico de lúpus e de uso crônico de medicamentos corticoides, morador de São Luís, no Maranhão. O segundo caso é de uma menina de 16 anos, do município de Benevides, no Pará, que morreu no final de outubro. Ambos tinham inicialmente suspeita de dengue, mas os exames laboratoriais resultaram negativos para dengue e positivos para o vírus Zika.

O Ministério da Saúde está se aprofundando na análise dos casos, além de acompanhar outras análises que vêm sendo conduzidas pelos seus órgãos de pesquisa e laboratórios. O protocolo inicial para o atendimento de possível agravamento da Zika será o mesmo utilizado para situações mais graves de dengue.

Investigações em curso

O Ministério da Saúde mantém as investigações sobre a ocorrência de microcefalia em bebês, assim como a avaliação de casos graves em adultos, a manifestação clínica e a disseminação da doença. Nesta semana, a convite de governo federal, representantes do CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças), dos Estados Unidos, integrarão os esforços das autoridades e parceiros nacionais nestas análises. O CDC é referência para a Organização Mundial de Saúde (OMS) em doenças transmissíveis.

A OMS e a sua representação nas Américas, a OPAS, têm sido atualizadas sobre o andamento das ações, dos resultados e das conclusões do Ministério da Saúde.

Atividades

Foi intensificado o acompanhamento da situação, de forma prioritária, e orientações para rede pública e para a população serão divulgadas conforme os resultados das investigações. A Presidência da República determinou a convocação do GEI (Grupo Executivo Interministerial), que envolve 17 ministérios, para a formulação de plano nacional do combate ao  mosquito Aedes Aegypti. Também estão sendo estimuladas pesquisas para o diagnóstico da doença e frentes de mobilização em regiões mais críticas. As medidas envolvem, finalmente, ações de comunicação e suporte assistencial, como pré-natal, atenção psicossocial, fisioterapia, exames de suporte e estímulo precoce dos bebês.

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