Sarampo no Mundo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou dados acumulados da vigilância do sarampo, de 01 de janeiro a 9 de setembro de 2025, foram notificados 360.321 casos suspeitos de sarampo em 173 Estados Membros das seis Regiões da OMS, dos quais 164.582 (45,6%) foram confirmados. Destes, 34% dos casos foram registrados na Região do Mediterrâneo Oriental (EMR), seguida pela Região da África (AFR), com 23% dos casos, e pela Região da Europa (EUR), com 18% dos casos.

Na Região das Américas, em 2025, foram registrados 11.691 casos confirmados de sarampo e 25 óbitos em dez países da região. O maior número de casos ocorreu no Canadá (5.006), seguido pelo México (4.703) e Estados Unidos da América (1.514). Na América do Sul, o surto de sarampo na Bolívia está ativo e com registro de 320 casos, bem como o surto no Paraguai com 50 casos e Peru com 4 casos. O surto na Argentina confirmou 35 casos.

De acordo com as informações disponíveis sobre os casos confirmados nas Américas (n = 11.248), a faixa etária com a maior proporção de casos corresponde à de 10 a 19 anos (22%), seguida pela faixa de 20 a 29 anos (19%) e pela faixa de 1 a 4 anos (17%). No entanto, a taxa de incidência é maior em menores de um ano (6,6 casos por 100.000 habitantes), seguida pelo grupo de 1 a 4 anos (3,6 casos por 100.000 habitantes) e de 5 a 9 anos (2,1 casos por 100.000 habitantes).

O perfil dos casos da Região das Américas indica que, mesmo em áreas com ampla cobertura vacinal em menores de 2 anos, a circulação do vírus persiste, reforçando a necessidade de estratégias de vacinação para população suscetível ao vírus e atenção constante aos viajantes provenientes de países com surtos.

Sarampo no Brasil

Em 2025, até a semana epidemiológica 38, foram confirmados 34 casos de sarampo no Brasil, sendo nove casos importados que retornaram do exterior infectados, 22 que tiveram contato com casos importados (relacionados à importação) e três casos cujo sequenciamento genômico do vírus é compatível com a circulação em outros países. Até 07 de outubro de 2025, o Brasil está com surto de sarampo em três Unidades Federadas (Tocantins, Maranhão e Mato Grosso).

Em julho de 2025, iniciou-se um surto de sarampo no estado do Tocantins, no município de Campos Lindos (TO), região nordeste do estado, fronteira com o Maranhão, associado ao retorno de quatro brasileiros de uma comunidade com baixa adesão à vacinação, sendo dois adultos e duas crianças, que estiveram na Bolívia por 1 mês e voltaram infectados. Devido à suscetibilidade ao sarampo dos contatos familiares, houve rápida transmissão entre os contatos dessa comunidade, resultando em 22 casos confirmados, sendo que dois (2) deles necessitaram de internação hospitalar. Também ocorreram mais três casos na população geral, contatos dos casos da comunidade, sendo um deles profissional de saúde sem nenhuma comprovação vacinal contra o sarampo. O último caso teve exantema em 12 de setembro de 2025, dessa maneira, o surto deverá ser encerrado após 12 semanas sem confirmação de novos casos relacionados a essa cadeia.

No Maranhão, o único caso confirmado ocorreu em uma mulher de 46 anos, não vacinada, residente no município de Carolina (MA), em área rural, mas que teve contato com membros da comunidade em Campos Lindos (TO). Esta região faz fronteira com o município de Campos Lindos, evidenciando a conexão sociocultural e vínculo epidemiológico entre as comunidades dos dois estados. O caso é, portanto, definido como relacionado à importação e faz parte da mesma cadeia de transmissão. Os contatos estão sob monitoramento, e até o momento não houve registro de casos secundários.

Em 22 de setembro de 2025, o Mato Grosso notificou, inicialmente, dois casos suspeitos de sarampo que estiveram na Bolívia por dois meses e chegaram no município de Primavera do Leste (MT), área rural, no dia 19 de setembro. O terceiro caso suspeito apresentou sinais e sintomas alguns dias depois, por isso foi notificado posteriormente. Os casos são da mesma família, sendo uma mulher de 27 anos e seus dois filhos (4 anos e 1 ano e 2 meses de idade), todos não vacinados contra a doença. Eles já chegaram no Brasil apresentando sinais e sintomas do sarampo. O pai foi o único membro da família que viajou e não manifestou sintomas da doença, ele apresentou o seu cartão de vacina, no qual constava o registro de uma dose da vacina tríplice viral.

Nos surtos registrados nos Estados do Tocantins e Mato Grosso, observa-se um padrão epidemiológico semelhante com casos da mesma comunidade com baixa adesão à vacinação, residentes no Brasil, não vacinados contra o sarampo, com casos índices que realizaram viagem à Bolívia e retornaram com sinais e sintomas da doença, transmitindo o vírus para contatos não vacinados.

Pessoas dessa comunidade realizam viagens frequentes entre grupos estabelecidos em várias Unidades Federadas do Brasil e em outros países da América do Sul, como Argentina, Bolívia e Colômbia, participando de cerimônias religiosas e encontros socioculturais.

A investigação epidemiológica em Campos Lindos (TO) identificou que os membros dessa comunidade se deslocam para diversas localidades do país, como Ponta Grossa (PR), Montividiu (GO), Rio Verde (GO), Campos Lindos (TO), Primavera do Leste (MT), Jataí (GO), entre outras. Da mesma forma que viajam, essas famílias recebem viajantes dessas e de outras localidades nacionais e internacionais para festas. O Ministério da Saúde realizou reunião com as respectivas Unidades Federadas para alertar sobre isso, em 19 de setembro de 2025.

O aumento de casos de sarampo no mundo, em 2025, evidencia que o sarampo permanece como uma ameaça global à saúde pública e para o Brasil. O trânsito de viajantes não vacinados, brasileiros e estrangeiros, retornando de países endêmicos e epidêmicos e trazendo consigo o vírus do sarampo, além do trânsito de viajantes de/para as comunidades com baixa adesão à vacina, representa uma ameaça a reintrodução do sarampo em qualquer localidade do país.

Considerando esse cenário epidemiológico do sarampo e circulação do vírus entre viajantes suscetíveis, esta nota técnica tem como objetivo alertar estados e municípios quanto a ameaça da reintrodução do vírus do sarampo no Brasil e à importância de aumentar e manter elevadas coberturas vacinais no país todo para garantir a imunidade coletiva, além de reforçar a importância de vigilância contínua, suspeição clínica, diagnóstico e resposta rápida a surtos em todo o país.

Ressalta-se que as ações devem ser baseadas em equidade, principalmente nessas comunidades com baixa adesão à vacina, quando houver ocorrência de casos que apresentem sinais e sintomas sugestivos de sarampo em viajantes internacionais e domésticos, brasileiros ou não, com histórico de deslocamento para países com casos confirmados de sarampo, além de residentes no Brasil que tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados em suas comunidades.

Fonte: Ministério da Saúde

https://www.gov.br/saude/pt-br